quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Análise da crise financeira de 2008

     Para analisar a crise financeira de 2008, é necessário observar o histórico do cenário financeiro para compreender as causas e consequências dessas crises no mercado financeiro mundial. Desde a grande depressão, crise de 1929, os Estados Unidos tiveram 40 anos de crescimento econômico, sem crises durante esse período e as empresas financeiras eram fortemente reguladas. No entanto, a partir da década de 80 a atividade financeiro começou a ganhar outra dimensão, os bancos de investimentos começaram a se tornar públicos e os acionistas começaram a ganhar significativas quantias.Em 1981 o presidente Ronald Reagan convocou como secretário do tesouro o CEO do banco de investimento Merril Lyndn, Donald Reagan, o que representou o início de uma parceria entre a wall street e o presidente. Principiou-se a volta das desregulamentações na economia, onde empresas financiadoras puderam  fazer investimentos de risco com os recursos dos depositantes, o que gera um efeito multiplicador da moeda. No final da década de 80, houve uma crise que custou 124 bilhões de dólares e custou a muitas pessoas suas poupanças de uma vida. Alan Greenspan,  um economista que escreveu uma carta aos reguladores federais, onde alegava que Charles Keating possuia experiência de gestão e planos de negócios e afirmou que não havia riscos em permitir que Keating investisse o dinheiro dos clientes, foi nomeado presidente do Federal Reserve por Reagan. Antes da nomeação, Keating foi descoberto em um escândalo financeiro, e assumiu antes de ser preso que pagou 40 mil dólares para Greenspan escrever em seu favor. Greenspan, foi renomeado pelo presidente Clinton e posteriormente pelo presidente George Bush, onde prosseguiu com as desregulamentações no mercado financeiro.
     O setor financeiro de Wall Street com o passar dos anos foi exercendo muita influência, e aos poucos capturando o sistema político de ambos os lados, republicano e democrático. Na década de 90 o sistema financeiro consolidou-se em gigantes e poucas companhias, onde o fracasso de alguma delas ameaçaria todo o sistema financeiro. Em 1998, houve a fusão entre a Travelers e a Citicorp, e formaram então o Citigroup, a maior empresa financeira do mundo. Essa fusão representou a  violação da lei "Glass-Steagall", criada após a grande depressão e que proibia que os bancos utilizassem depósitos de clientes para investimentos de risco, e no ano posterior foi criada a lei "Gramm-Leach-Bliley Act" que abriu o caminho para futuras fusões. No final da década de 90, houve outra crise, ocasionada pela bolha criada pelas ações de internet, que foi seguida por uma quebra em 2001 que custou 5 trilhões de dólares em perdas de investimentos.
     Desde que as desregulamentações começaram as maiores companhias financeiras do mundo tem sido acusadas de atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro, simulação de resultados financeiros, e até omitir informações relevantes aos seus clientes. Reguladores e políticos não levam a sério a ameaça da especulação financeira na instabilidade do sistema financeiro. Através do novo sistema de securitização, as instituições financiadoras começaram a vender as hispotecas aos bancos de investimentos, e esses fazem diversas combinações entre hipotecas e outros tipos de empréstimos para criar um complexo combinação de derivativos também chamados de CDOs. Os bancos de investimentos pagam para agência de Rating para avaliar o risco desses CDOs. E muitas delas recebiam  uma qualificação de triplo A, que é a maior qualificação, no entanto esses CDOs se tornaram investimentos de alto risco. mas pela boa qualificação emitida pelas agẽncias de Rating se tornaram popular em fundos de aposentadoria. A partir desse sistema as instituições financeiras que emprestavam começaram a não se importar com a qualidade dos empréstimos de riscos, pois quanto mais CDOs eram vendidos, mais eram os seus lucros. Os Subprimes, empréstimos de alto risco, também começaram a integrar os CDOs e ser as preferência dos bancos de investimentos, por possuírem uma alta taxa de juros. No entanto, apesar de ser um investimento de alto risco, as agências de rating continuaram avaliando tais derivativos com a melhor qualificação possível, indicando que os riscos eram os mínimos possíveis.
      Com essa facilidade de empréstimos, o mercado imobiliário se expandiu drasticamente, os preços de imóveis se elevaram em um curto prazo de tempo, e como resultado formou-se uma imensa bolha financeira. Em 10 anos, o empréstimo subprime cresceu de $13 bilhões por ano para mais de $600 bilhões por ano, o que já demonstrava a dimensão da crise que estaria por vir, quando a bolha estourasse. Outro fator relevante que também fazia parte do sistema financeiro baseado em especulação, foi a AIG, que começou a emitir os CDS, eram títulos que funcionavam como uma espécie de apólice de seguro em relações aos CDOs. A partir desse fato, bancos de investimentos que já conheciam a real situação da bolha financeira, e que ainda vendiam os CDOs para os seus clientes,  também compravam os CDS, apostando assim contra os próprios títulos CDOs. Quando a bolha financeira estourou, Lehman Brothers, um banco de investimento com atuação global, declarou falência,  o que impactou fortemente no mercado financeiro mundial. Outro grande banco, Merrill Lynch, também chegou a beira da falência, e então foi comprado pelo Bank of America. Em 17 de setembro de 2008, a AIG foi comprada pelo governo , o que também custou $150 bilhões de dólares aos contribuintes.
     As consequências da crise atingiu o mundo inteiro, o que demonstra como o sistema financeiro é interligado a nível mundial. Dentre as consequências, destacaram-se; 



  • O mercado de ações despencaram a nível mundial;
  • Recessão econômica a nível global;
  • Aumento significativo do desemprego.

     Como foi citado no documentário "Inside Job" o pobre sempre paga mais caro, pois enquanto as companhias financeiras faliram, os seus CEOs já haviam faturado milhões através de uma política ilícita, onde o maior objetivo foi auferir lucros, sem a preocupação com a continuidade da companhia e a grande instabilidade do sistema financeiro.



Referência:
Documentário: Inside Job. disponível em: http://vimeo.com/25142692